eu não sei dizer nas entrelinhas o que quero falar
chego, digo e pronto
domingo, 26 de julho de 2009
Do Blog do Saramago
" O LUGAR ESTAVA ALI, A PESSOA APARECEU,DEPOIS A PESSOA PARTIU, O LUGAR CONTINUOU, O LUGAR TINHA FEITO A PESSOA, A PESSOA HAVIA TRANSFORMADO O LUGAR".
sexta-feira, 24 de julho de 2009
Carta ao "Futuro" Amante
Recife, treze de junho de 1989
Querido Outro,
Ontem à noite, pouco antes de adormecer, eu construí um castelo. Um castelo azul, ou vermelho, ou cor-de-castelo mesmo – já não sei bem. Um altíssimo castelo, iluminado, lindo, onde viveremos amando e, do mais ardente amor, morreremos: com o sangue elegante dos amantes jorrando dos nossos furos, ou feridas, ou sussurros –já não sei bem. O meu único medo era o de porventura sermos descobertos em nossa liberdade, por isso, cuidadosamente, tratei de construir um castelo oculto; solto dentro da noite secreta; perdido na mata inviolável do ser. Um castelo selvagem, cuja porta nos devorará até que nós devoraremos não somente as portas, mas também janelas e paredes e vidraças – nós: famintos e ávidos de mais amor, Querido, já pensou? Dentro desse Novo Mundo – a que prefiro, carinhosamente, chamar de castelo – dentro desse Novo Mundo, nós correremos perigo por amar demais e, justamente por amar tanto, também seremos perigosos: fuçando um pouco mais o imaginário, posso nos ver imensos, temidos pela mobília, quadros, escadarias, tudo. E nós, tomados pelo habitual sadismo dos amantes, debocharemos da vida, equilibristas, vagabundos, animais. Eu serei a mulherzinha: nua, fértil, liberta; você será o macho: silencioso, peludo, feroz – nós dois, juntos, seremos uma única criatura úmida, enquanto o sentimento, essa força maior, será o nosso criador. Às vezes nos possuirá, de súbito, aquela vontade natural de destruir tudo e pôr à baixo o castelo, mas não faz mal: resistiremos heroicamente, e aproveitaremos a fúria para nos atirar um contra o outro, ou entrar um no outro, ou morar um no outro – já não sei bem. Aos domingos, sairemos para brincar no jardim: você dará um jeito qualquer de adivinhar o meu estado de espírito e enfiará uma florzinha murcha entre os meus cabelos; nós chuparemos frutas cítricas até que não lhes sobre nem mesmo o caroço; cavalgaremos leões, ou onças, ou nós mesmos. Viveremos dentro da célula-mãe das coisas, seremos matéria-prima. Querido, acredite: com essas mãos de velha e esse fôlego cansado – a partir dessa fina matéria de vida que me resta – eu construí um castelo! Um castelo, ou um edifício, ou mesmo uma modesta casinha – já não sei bem. O que eu sei é que, apaixonadamente, ergui paredes e construí a nossa morada. Agora só me resta construir você, Querido.
Li isso num blog de uma queridona. Peguei emprestado!
Querido Outro,
Ontem à noite, pouco antes de adormecer, eu construí um castelo. Um castelo azul, ou vermelho, ou cor-de-castelo mesmo – já não sei bem. Um altíssimo castelo, iluminado, lindo, onde viveremos amando e, do mais ardente amor, morreremos: com o sangue elegante dos amantes jorrando dos nossos furos, ou feridas, ou sussurros –já não sei bem. O meu único medo era o de porventura sermos descobertos em nossa liberdade, por isso, cuidadosamente, tratei de construir um castelo oculto; solto dentro da noite secreta; perdido na mata inviolável do ser. Um castelo selvagem, cuja porta nos devorará até que nós devoraremos não somente as portas, mas também janelas e paredes e vidraças – nós: famintos e ávidos de mais amor, Querido, já pensou? Dentro desse Novo Mundo – a que prefiro, carinhosamente, chamar de castelo – dentro desse Novo Mundo, nós correremos perigo por amar demais e, justamente por amar tanto, também seremos perigosos: fuçando um pouco mais o imaginário, posso nos ver imensos, temidos pela mobília, quadros, escadarias, tudo. E nós, tomados pelo habitual sadismo dos amantes, debocharemos da vida, equilibristas, vagabundos, animais. Eu serei a mulherzinha: nua, fértil, liberta; você será o macho: silencioso, peludo, feroz – nós dois, juntos, seremos uma única criatura úmida, enquanto o sentimento, essa força maior, será o nosso criador. Às vezes nos possuirá, de súbito, aquela vontade natural de destruir tudo e pôr à baixo o castelo, mas não faz mal: resistiremos heroicamente, e aproveitaremos a fúria para nos atirar um contra o outro, ou entrar um no outro, ou morar um no outro – já não sei bem. Aos domingos, sairemos para brincar no jardim: você dará um jeito qualquer de adivinhar o meu estado de espírito e enfiará uma florzinha murcha entre os meus cabelos; nós chuparemos frutas cítricas até que não lhes sobre nem mesmo o caroço; cavalgaremos leões, ou onças, ou nós mesmos. Viveremos dentro da célula-mãe das coisas, seremos matéria-prima. Querido, acredite: com essas mãos de velha e esse fôlego cansado – a partir dessa fina matéria de vida que me resta – eu construí um castelo! Um castelo, ou um edifício, ou mesmo uma modesta casinha – já não sei bem. O que eu sei é que, apaixonadamente, ergui paredes e construí a nossa morada. Agora só me resta construir você, Querido.
Li isso num blog de uma queridona. Peguei emprestado!
sexta-feira, 10 de julho de 2009
ser simples é a solução
Nelson Motta- Como é que se faz para chegar a 101 anos tão bem? Dona Canô- “Procurando não se aborrecer, nem tomar raiva, porque o coração vai sentindo, e vivendo normal. Porque se começar a se aperriar, a se amolar com as coisas, não aguenta não”.
quinta-feira, 9 de julho de 2009
O que sinto é tão bom
O que sinto é tão bom, tão bom que faz feliz.
É grande, preenche, é tão diferente, tão diferente que parece que finalmente eu tenho o que aprender e o que ensinar. Parece que é uma troca constante.
Parece que é o resultado perfeito pra uma equação que eu achava não ter solução.
Pena que não poder viver isso é o grande problema.
É grande, preenche, é tão diferente, tão diferente que parece que finalmente eu tenho o que aprender e o que ensinar. Parece que é uma troca constante.
Parece que é o resultado perfeito pra uma equação que eu achava não ter solução.
Pena que não poder viver isso é o grande problema.
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